sábado, 10 de junho de 2017

FAÇA COMO OS NATIVOS

Apreciar o melhor da culinária açoriana em Florianópolis é uma ótima opção para os dias sem praia e sol.



Se há algo que não combina com o verão é se fartar de comer: o corpo perde líquido e a capacidade de metabolizar gordura cai, a temperatura dos pratos briga com o calor ambiente e a culpa de ter deixado para o próximo verão a dieta e o exercício é petisco comum antes de toda refeição. Sendo assim, quando o assunto é comida, passado o verão é que a vida em Florianópolis fica melhor. É a chance de experimentar peixe com pirão sem suar e se refestelar à sombra depois do almoço. 


Em Florianópolis, come-se basicamente peixes e frutos do mar. Identificar turistas é fácil: pediu sequência de camarão? Turista. Comeu dúzias de ostras? Turista. A culinária tradicional da ilha, influenciada pelos portugueses das ilhas do Arquipélago dos Açores, que desembarcaram em Florianópolis no século XVIII, é conhecida por nativos e moradores, mas pouco explorada por visitantes. 


Os manés mais autênticos são fãs de banana frita na banha de porco, pirão de farinha de mandioca fina para acompanhar o peixe, taioba refogada, galinha caipira com mamão verde, fritada de ostra, fritada de berbigão (vôngole), batata doce cozida no caldo de feijão, carne com batata, cacuanga (uma massa feita com farinha de mandioca, fubá, ovos e açúcar, embrulhada em folha de bananeira), rosca de polvilho, bijus (ou beijus), cuscuz crocantes e consertada (bebida típica feita à base de café, cachaça e especiarias, ideal para as noites frias). Comer ensopado de berbigão no Rancho Açoriano e caldeirada de camarão no Samburá afasta a imagem de turista comum, ainda que não faça de todo turista um manezinho.


Em Ribeirão da Ilha, estão as maiores fazendas de cultivo de ostras e mariscos da cidade. É lá que se come as ostras mais frescas em restaurantes com vista para a Baía Sul e o Morro do Cambirela. Santo Antônio de Lisboa é a parte mais açoriana da ilha: um lugar bucólico, artístico e, também, boêmio. A caminhada entre os casarões preserva os ares de um Brasil português. Visitar a Casa Açoriana Artes e Tramóias Ilhôas é de lei e comer em um dos restaurantes à beira-mar, como o Freguesia Bar e a Marisqueira Sintra, ao pôr-do-sol é indispensável.


Foi só recentemente que a capital catarinense encontrou o ponto de equilíbrio entre dois extremos do turismo. Suas praias isoladas e quase selvagens foram descobertas por turistas aventureiros. O serviço se adequou ao novo padrão de consumo, mas a ilha conseguiu manter sua identidade com a convivência do provinciano e cosmopolita. Prova disso é a Costa da Lagoa, povoado isolado na margem interior da Lagoa da Conceição, acessível apenas por barcos. Apesar das lanchas que atracam nos restaurantes, o lugar preserva certo bucolismo com os montes cobertos de mata ao redor e água transparente para mergulhos. 

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